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Tecnologia x Emprego: ameaça ou oportunidade?

Publicado em: 21/11/2019

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Tenho quase certeza que você que começou a ler este artigo já ouviu previsões alarmistas em relação à falta de emprego no futuro, principalmente em razão do avanço tecnológico e do crescimento da automatização nas empresas. Se por acaso não, ainda ouvirá falar muito sobre o tema.

Alguns pregam tais previsões como sendo o caos laboral; outros acreditam que a tecnologia facilita, auxilia e potencializa a produção; e boa parte das pessoas apenas fica observando o efeito acontecer há décadas, sem sequer se preocupar ou tomar alguma atitude diante do fato.

É preciso, então, entender que hoje vivemos no que se pode denominar “a nova era das máquinas digitais”, em que tudo pode ser reproduzido em grande escala de imediato e, com o potencial da Big Data, ser moldado às necessidades. É o mundo exponencial, que já abordei nessa coluna, onde um computador pode ser mais rápido do que qualquer coisa. Para se ter uma ideia de tal avanço, hoje um simples videogame Playstation é mais poderoso do que um computador militar de 20 anos atrás.

            Experiências que já foram feitas em alguns setores nos mostram que, quando qualquer processo de automatização é implantado, inicialmente, devido ao número de demissões, configura-se uma impressão de supressão de empregos. Mas, na verdade, em médio prazo, o que ocorre é uma migração daqueles trabalhadores que ocupavam profissões insalubres, de periculosidade, ou de precisão além da capacidade humana.

Via de regra, nesses casos, o homem não conseguiria substituir um robô e apresentar semelhante produtividade ou velocidade. É o que se pode verificar, por exemplo, nas lavouras agrícolas, onde o atual maquinário é responsável por praticamente cem por cento da colheita e também em outros segmentos, como na indústria de alto padrão de qualidade, com serviços de pintura, solda, entre outros. Mas esse efeito não se restringe a setores agrícolas ou industriais. Hoje, na área de finanças, também encontramos avanços e facilidades, propiciados pela praticidade dos sistemas automatizados. Vamos tomar o setor bancário como exemplo. Antigamente, era comum encontrarmos um exército de funcionários nas agências, já hoje não existe praticamente mais necessidade de irmos a uma delas para realizar qualquer operação.

Então, a pergunta a ser feita seria: onde estão todos esses profissionais de outrora? A resposta é simples: migraram para outras frentes de trabalho ou segmentos, principalmente na cadeia de serviços, funções que em alguns casos nem existiam na época em que foram substituídos por máquinas, assim como já ocorreu em tantos outros períodos de transformação de nossa história produtiva.

Precisamos, inicialmente, quebrar essa corrente de pensamento negativo que só foca na percepção de que os robôs e computadores substituem cada vez mais a mão de obra humana. Não devemos correr contra a tecnologia, mas sim ao seu lado, porque ela é um processo irreversível. Nós podemos e precisamos nos preparar para assumir novos desafios e desenvolver novas competências quantas vezes forem necessárias, principalmente para cargos e funções ligados e/ou relacionados a tecnologia, conectividade, automação e outros.

Diante do cenário exposto, temos alguns grandes desafios para essa nova dinâmica e, um deles, seria nossa cultura evolutiva, ou seja, como devemos nos preparar para acompanhar essa nova era e a evolução exponencial, considerando que nosso cérebro foi desenvolvido e adaptado para processar as informações de forma linear e, portanto, não consegue acompanhar esse processo com facilidade.

Talvez resida aí a grande questão para a evolução da humanidade num futuro urgente, que tem pressa e precisa de respostas: a união de nossas competências humanas, tão necessárias e insubstituíveis, com a força e o potencial infinito da tecnologia à nossa disposição para gerar oportunidades para todos. Então, preparemo-nos!

 

João Carlos Goia é gerente do Senac Piracicaba, jornalista pós-graduado em criação de imagem e sons em mídias digitais e mestre em educação.